quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cão Arrastado por Dono Morre em Piracicaba


Queridos amigos e amigas,


Sonho com o dia em que a punição para quem maltrate animais seja igual a quem maltrata pessoas...
Lobo teve vários pedidos de adoção (Foto: Divulgação/Vira Lata Vira Vida)
O cachorro da raça rotweiller que foi amarrado a uma caminhonete e arrastado pelo próprio dono em Piracicaba, no interior de São Paulo, morreu nesta terça (15). Lobo estava internado desde o episódio, no início do mês, e teve a pata direita dianteira amputada devido aos ferimentos.

O cão, que foi arrastado por pelo menos 1 km, passava bem, e tinha alta prevista para esta quarta. De acordo com a ONG Vira Lata Vira Vida, que ajudava a cuidar do animal, a causa da morte só será descoberta após exame. Enquanto estava internado, o cachorro teve vários pedidos de adoção.

O dono de Lobo foi identificado e multado pela Polícia Ambiental em R$ 1.500 por maus-tratos contra animais. O mecânico Claudio César Messias alegou que foi um acidente. Em depoimento à polícia, ele afirmou que passeava com o cão, que pulou da carroceria da picape sem que ele notasse. “Só percebi que o estava arrastando quando um motoqueiro me parou e avisou. Fui embora porque achei que ele tivesse morrido, me deu um branco, um desespero e saí”, afirmou.

Veja a nota da ONG sobre a morte de Lobo:

"A equipe da Clínica Frasson de Piracicaba e a Ong Vira Lata Vira Vida lamentam comunicar que o cão Lobo morreu agora a noite. Ele teve complicações no seu quadro clínico no final da tarde. Desde então, foi acompanhado pela equipe que, incansavelmente, tratou dele nestes 15 dias de luta. Somente amanhã, após a necropsia poderemos dar detalhes sobre a morte de Lobo. O momento é de uma tristeza imensa. Mas de gratidão ao Lobo que uniu tantos corações e mentes numa corrente de solidariedade. Agradecemos a todos pelo interesse e que a morte de Lobo não seja em vão para a dolorosa luta contra os maus-tratos."

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Projeto de Lei Acende Debate Sobre Direito Animal

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1002841-projeto-de-lei-acende-debate-sobre-direito-animal.shtml
JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
THIAGO FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa de São Paulo quer proibir o uso e o sacrifício de animais em cultos religiosos no Estado.

Mesmo longe de ser votado, o projeto mobilizou religiosos e protecionistas. O debate contrapõe tradição cultural e direito animal e mostra furos na atual legislação.

Para o deputado Feliciano Filho (PV), o autor, ele não propõe nada além do que a lei prevê. "Só fixei multa para quem praticar o sacrifício, que já é proibido."

Ele se refere à Constituição e à Lei de Crimes Ambientais. Uma garante que os animais não sofram crueldade. Na outra, maus-tratos é crime. "Matar sem anestesiar é maus-tratos", argumenta.
Mas a Carta também garante liberdade de culto. O que viria primeiro?

"É um conflito. A legislação encampa valores da liberdade religiosa e do ambiente. Os dois lados podem ter razão", diz Daniel Lourenço, especialista em direito animal.

No Sul, uma lei de 2003 permite sacrifício de bichos em rituais de matriz africana. Em 2005, houve tentativa frustrada de derrubá-la.

Em São Paulo, a discussão mal começou e não envolve só as religiões africanas.
TRADIÇÃO DO SACRIFÍCIO

O sacrifício animal está na origem das maiores religiões do mundo. Historicamente, a morte dos animais era feita para expiação dos pecados ou em celebrações, explica o sociólogo Reginaldo Prandi.

Como religião institucionalizada, o cristianismo nunca adotou o sacrifício, mas teologicamente admite o seu significado. "Quando recebem a hóstia, os católicos fazem um sacrifício simulado. Para os cristãos, a morte de Jesus foi o último sacrifício."

No judaísmo, não é comum o sacrifício de animais, mas existe o abate kosher, que usa em larga escala técnicas próprias para matar o animal.

No abate kosher, assim como no halal (abate muçulmano), o animal é morto por degola e não é anestesiado.

A nova lei enquadraria toda morte de bicho feita sem insensibilização (anestesia).
Em 2010, o Brasil exportou 475,23 mil toneladas de carne para países que exigem abate halal ou kosher (39% do total exportado).

"O abate kosher não é um ritual. O ideal judaico é o vegetarianismo. Consumir carne é uma concessão a alguém de alma fraca", diz o rabino Ruben Sternschein, da Congregação Israelita Paulista. Segundo ele, o abate kosher "deve ser feito com o mínimo de sofrimento para o animal".

Já o abate halal de bois, aves e carneiros é um sacrifício religioso, diz Mohamed Hussein El Zoghbi, diretor da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil.

"Mas prima pelo bem-estar como nenhum outro. A morte por degola não causa sofrimento. A ruptura das veias e da traqueia faz com que o animal morra rapidamente. Quem vê pensa que está sofrendo, mas já está morto, se debate por reflexo."

De acordo com o presidente do CEN (Coletivo de Entidades Negras), Márcio Alexandre Gualberto, o bicho morto no candomblé também é consumido -nada a ver com a imagem de feitiçaria e galinha em encruzilhada.

"Tem quem faça isso, mas não é nossa tradição. Usam partes da tradição para fazer coisas que não são nossas."

Segundo ele, o sacrifício é praticado por sacerdotes treinados para minimizar o sofrimento. "O animal não pode sofrer. Somos preocupados com o bem-estar dos animais oferecidos aos deuses."

São Paulo tem 719 terreiros, segundo levantamento de Prandi, para quem o projeto é preconceituoso: "As motivações da lei são o preconceito e a ignorância. Se o deputado estivesse preocupado com animais, deveria bater na porta de frigoríficos".

Para Antonio Carlos Arruda, coordenador de políticas públicas da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de SP, o projeto é "inaceitável". "Liberdade religiosa é princípio da democracia."

Uma reunião do Fórum Inter-Religioso da secretaria discutiu a participação de entidades do Estado no movimento de reação ao projeto. O slogan da campanha, que antes era "Não toquem nos nossos terreiros", foi ampliado para "Cultura de paz e liberdade religiosa já!".

Um ato público organizado pelo CEN está previsto para o dia 15, às 13h, em São Paulo, no vão do Masp.

LIMITE DA LIBERDADE

Do outro lado, os defensores dos animais consideram o projeto pertinente ao menos por levantar o debate. "Nossa sociedade ainda tem a ideia de que animais são coisas. Nessa visão, o direito do homem é superior ao deles", diz o advogado Lourenço.

O promotor de Justiça do Estado Laerte Fernando Levai diz que há limites morais para o exercício da liberdade religiosa. "Há que se respeitar o direito ao culto, sim, desde que as práticas não impliquem violência."

O promotor João Marcos Adede y Castro, do Rio Grande do Sul, reforça o coro: "Se fosse assim, era só criar uma religião de sequestradores e haveria respaldo legal".

O mesmo pensa a veterinária Ingrid Eder, da ONG WSPA Brasil. "Que cultura é essa que causa maus-tratos aos animais? A cultura evolui de acordo com o conhecimento. Hoje, sabemos que os animais sentem dor."
Reginaldo Prandi acredita que a evolução deve vir de dentro da religião. "Há segmentos do candomblé que não matam animais. Pode ser que, no futuro, a religião evolua para um sacrifício mais simbólico, mas isso não pode ser imposto. Não se muda uma religião por decreto."
Editoria de Arte / Folhapress





MACABRO: Muçulmanos Celebram Ritual de Sacrifício Eid A-Adha


"De fato, muito triste! Grande parte desse equívoco se deve ao fato de que os "sacerdotes" sempre de plantão cuidam de literalizar palavras que deveriam ser vistas através dos símbolos que representam. Assim seguem embrutecendo ao invés de auxiliar na libertação.Que triste!" (Gilmar Gonzaga, especialista em bioética)


Como isto ainda pode existir em nosso mundo?

Como parte das preparações para a festa religiosa Eid ul Adha, muçulmanos visitam mercados como este em Jammu, na Caxemira indiana, em busca de animais para o ritual de sacrifício celebrado na data  Foto: EFE

Em Quetta, no Paquistão, homem barganha com vendedor o preço de um animal, em negociação no mercado a céu aberto  Foto: AP